
ARTEMÍDIA URBANA
Reflexão e Análise Perceptiva da Parada Inglesa
3.2 Criação de Mapas Mentais
Para compreender a leitura perceptiva da cidade é necessário compreender a relação dos usuários com o espaço construído e analisar suas influências nas interações sociais, visando entender como são atribuídos os valores qualitativos para os espaços físicos.
As possibilidades de abrangência da criatividade individual ou de grupo, são múltiplas na arte de vanguarda, a network-analysis, as images-cities (Lynch, 1964), ou seja, tudo se torna objeto de interesse para o olhar na nova antropologia urbana. (Canevacci, p.41)
Kevin Lynch é um dos precursores na compreensão da cidade como uma grande representação da condição humana, não apenas como um lugar, mas parte da estrutura urbana.
Para Lynch a imagem de uma determinada realidade pode variar entre observadores diferentes, ou seja, o autor propõe o estudo das relações entre o observador e as imagens públicas, ou seja, imagens mentais comuns a vastos contingentes de habitantes de uma cidade, áreas consensuais que possibilitam a interação de uma única realidade física.
As pesquisas de Kevin Lynch (fig. 15 e fig. 16) sobre a percepção do espaço estão relacionadas a conceitos de legibilidade, reconhecimento e organização num modelo coerente pela escala urbana, ou seja, um processo de orientação do indivíduo para o reconhecimento espacial e a construção da imagem perceptiva.
Os conceitos de percepção espacial estão vinculados à base de criação dos mapas por meio de uma memória cartográfica do ambiente.



Figura 15 e 16 - Compreensão de Mapas através de Mapas Mentais.
Fonte: LYNCH, K. “A Imagem da Cidade”. (1960) Ed. Martins Fontes. 1980.
Para Gordon Cullen, a arquitetura é entendida como uma arte de relacionamento baseada em uma análise intuitiva e artística da paisagem urbana. Para estruturar esse conceito de paisagem, Cullen recorre à três aspectos (fig. 17). O primeiro é a ótica, a visão serial propriamente dita, e é formada por percepções sequenciais dos espaços urbanos, primeiro se avista uma rua, em seguida se entra em um pátio, que sugere um novo ponto de vista de um monumento e assim por diante.
O segundo fator é o local, que diz respeito às reações do sujeito com relação à sua posição no espaço, vulgarmente denominado sentido de localização, “estou aqui fora”, e posteriormente, “vou entrar em um novo espaço”, e finalmente, “estou cá, dentro”; esse aspecto refere-se às sensações provocadas pelos espaços; abertos, fechados, altos, baixos etc.
O terceiro aspecto é o conteúdo, que se relaciona com a construção da cidade, cores, texturas, escalas, estilos que caracterizam edifícios e setores da malha urbana.

Figura 17 - Esquema síntese da visão serial
Fonte: Adaptado por Adam (2007) de Cullen (1983). Disponível em: http://www.up.edu.br/davinci/5/pdf21.pdf

“A cidade é uma mensagem que nem todos entendem, mas que todos são obrigados a ler”. (PIGNATARI, Semioticidade, 1995, p. 2015).

“As imagens ambientais são o resultado de um processo bilateral entre o observador e seu ambiente, ou seja, a imagem de uma determinada realidade pode variar entre observadores diferentes.” (LYNCH,1960, p.6).