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4.3 O bairro da Parada Inglesa de 1950 a 1970

   Entre 1950 e 1960, evidencia-se o crescimento vertical da cidade de São Paulo e a representação da volumetria tridimensional do espaço urbano é muito mais complicada porque suas formas não podem ser reproduzidas numa projeção bidimensional do mapa.
     No detalhe do mapa da cidade de São Paulo de 1951 (fig. 38), o ramal do Tramway para Guarulhos (linha vermelha no mapa) existiam as seguintes estações: Areal, Carandiru, Vila Paulicéa, Parada Inglesa, Tucuruvi, Vila Mazzei e Jaçanã até o limite do município de Guarulhos (Rio Cabuçu). A linha do Tramway se estendia em Guarulhos para as estações: Vila Galvão (no mapa),Torres Tibagi, Gopoúva, Vila Augusta e Guarulhos. Em 1947, este ramal foi estendido até o Aeroporto Militar de Cumbica.

    Com o passar do tempo, a ocupação da Zona Norte, o Tramway se transformou no principal meio de transporte para milhares de pessoas, expandindo a malha urbana, anexando novas áreas à ocupação inicial da cidade (Vilar, 2007).    Na imagem (fig. 39) apresenta as principais estações. A estação Areal viria a ser o ponto inicial da Cantareira, a estação Carandiru, que servia para atender as guarnições, funcionários e detentos da Penitenciária.     Entre os Km 6 e 7 da linha Guapira-Guarulhos fica a Estação Villa Paulicéa à 50m da sede da antiga fazenda Prato (local também conhecido pela “Biquinha”, uma bica de água fria e alcalina, que deu nome ao casarão).  

Figura 38 e 39 – Imagens de sobreposição do Mapa de S. Paulo (1951) e as principais estações do Tramway da Cantareira.

Fonte: http://www.estacoesferroviarias.com.br/v/mapas/vlmazzei.jpg 
Disponível em: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/PaginasPublicas/_SBC.aspx
(modificado pela autora).

    A estação Parada Inglesa, inaugurada em 1927, não tinha bilheteria e o bilhete era comprado a bordo do trem. Na década de 1960, uma série de acontecimentos serão registrados na linha do Tramway, em 1962 (fig. 40), uma camioneta roubada foi largada sobre os trilhos na proximidade da estação Parada Inglesa e depois abalroada por um trem, em 1965, foi registrada uma noiva, o noivo e os convidados, voltando do casamento religioso, indo para a festa, caminhando na linha do trem (pelo leito da via férrea) há poucos metros da "Estação Tucuruvi do Trem da Cantareira". Na época, a maioria das ruas do bairro não eram pavimentadas e portanto intransitáveis para veículos, as pessoas caminhavam a pé. (fig. 41)

    Já a estação Tucuruvi, situada praticamente no mesmo local da antiga estação, presente numa imagem de 1950 (fig. 42). A Estação da Vila Mazzei ficava onde hoje é o cruzamento das ruas Manoel Gaya, Pedro Vidal e Benjamin Pereira.]

   A estação do Jaçanã (antiga estação Guapira) foi aberta em 1910, próxima ao Asilo dos Inválidos. É a mais famosa das estações da Cantareira, pois foi a inspiração para a música Trem das Onze, de Adoniram Barbosa. 
    Na canção "Trem das Onze", (fig. 43) Adoniran descreve o cotidiano de um passageiro do Trem da Cantareira, do último trem dos domingos e feriados, que era o comboio “RG7”, sentido “Tamanduateí-Guarulhos” com embarque às 22:59 horas na estação de Vila Mazzei, com destino à estação Jaçanã. (Segundo Werner Vana, 07/2004).

 

    A estação do Jaçanã foi desativada com o fim do ramal em 1965, mesmo com o sucesso da música. A estação da Parada Inglesa ficou abandonada e servia como abrigo para mendigos e posteriormente demolida. Na época da Copa de 1970, segundo relato dos moradores, houve uma grande festividade no bairro em comemoração aos 54 anos do bairro . 
Tornando-se obsoletos os bondes elétricos e o Tramway deficitários, dada a concorrência de outros meios de transporte mais rápidos, e a dificuldade, para o Estado, em mantê-los em condições, o ramal da Sorocabana acabara desaparecendo, passando a Prefeitura a retirar os trilhos de seu leito. (Torres, 1970, p.123).
   A substituição do transporte sobre trilhos (trens e bondes) pelo transporte sobre rodas (ônibus e carros) resultará num espraiamento progressivo e a diminuição da densidade da cidade. Até a década de 1970, a cidade se espalha vorazmente, engolindo morros e várzeas e conurbando com municípios vizinhos, quase sempre por meio de loteamentos irregulares e casas autoconstruídas, sem aprovação da prefeitura. (Rolnik, p.35-42)
    O levantamento da cidade de São Paulo elaborado no início da década de 1970 é utilizado até hoje como uma base atualizada e precisa disponível. Esta base apresenta o espaço físico da cidade como sendo apenas edificações, lotes, arruamentos e topografia.
   O mapa de 1972 (fig. 44), é um levantamento aerofotogramétrico conhecido como GEGRAN pode-se observar a consolidação dos arruamentos e lotes demarcados. A topografia é apresentada por curvas de nível de 1 em 1 metro. Há distinção entre áreas ocupadas e áreas somente arruadas, mostrada com muita sutileza. O mapa parece homogêneo, representado por linhas, não havendo preenchimentos sólidos.

   A transformação no traçado ou o tamponamento do Córrego do Cabuçu e posteriormente do Rio Carandiru, seus pequenos córregos capilares, em sua maioria anônimos, resultaram em intervenções – becos, escadarias, vielas, pequenos espaços com características de praças – são vestígios da existência de cursos d’água que já não são reconhecidos em suas feições primitivas (fig 45 e 46).

   Desde os grandes rios Tietê e Pinheiros aos pequenos veios d’água, capilares das bacias e nascentes do sítio urbano de São Paulo, os nexos entre o homem e os corpos d’água manifestam-se de formas muito distintas ao longo do tempo.

   A peculiaridade do intervir em tais elementos reside, justamente, no fato de que, por mais invasiva que seja a operação empreendida pelo fazer humano, há certos aspectos dos cursos d’água e de sua conformidade que parecem resistir ao seu ocultamento, manifestando-se à superfície nos entreatos do espaço urbano. 
    Este mapa (fig. 47) possibilita analisar a relação planialtimétrica da região com a “Antiga Linha do Trem” (em alaranjado), a “Avenida Cabuçu”, (amarelo), com uma grande área vazia (amarelo claro). Temos também a presença do córrego Carandiru (em azul) e a Avenida Ataliba Leonel (linha amarela à direita). 
     De acordo com os estudos, podemos definir o bairro da Parada Inglesa por uma área entre a avenida Cantareira, avenida Tucuruvi, Cabuçu até a Avenida Ataliba Leonel, entre a Vila Paulicéa e o Tucuruvi,, com limites imprecisos não definidos. Anteriormente esta região era conhecida por Vila Harding.
   Pela imagem aerofotogramétrica (1974), observa-se uma ocupação bem adensada predominante de residencial, de casas de até 2 pavimentos, e algumas indústrias (região que abrange o bairro de Tucuruvi, Parada Inglesa, Vila Paulicéa e Jardim São Paulo).
   A planificação altimétrica, numa leitura gestáltica, está diretamente relacionada ao princípio básico de percepção em profundidade provém da lei da simplicidade e indica que um padrão parecerá tridimensional quando pode ser visto como a projeção de uma situação tridimensional que é estruturalmente mais simples que uma bidimensional. (Arnheim p. 237).

 

Figura 45 – Vista da Avenida Cabuçu e Avenida Tucuruvi no sentido para Rua Ausonia, (cerca de 1950)

Figura 46 – Foto que evidencia a escada de acesso à Rua William Harding e a Cônego Ladeira sem pavimentação, em terra batida e pedrisco e nota-se ao seu topo, parcialmente a edificação e a torre da Igreja do Menino Jesus na Avenida Mazzei. (cerca de 1950)

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