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5.2.1 Exposição e oficina de TSURU: “Pequenos Prazeres”

   A ação proposta foi um workshop e instalação de Tsurus na praça, (fig. 88) técnica milenar de origami, arte secular de dobrar papel, que contou com um workshop gratuito ao ar livre. Diz a lenda japonesa que se a pessoa fizer 1000 Tsurus, com o pensamento voltado para um desejo, ele poderá se realizar.

    O Tsuru (fig. 89), ave sagrada do Japão, é símbolo da saúde, da boa sorte, felicidade, longevidade e da fortuna. Conta a lenda japonesa que o Tsuru pode viver até mil anos. É considerado o pássaro companheiro dos eremitas que se refugiavam nas montanhas para meditar, acreditando possuírem poderes sobrenaturais para não envelhecerem.

    A lenda do pescador conta que, depois de libertar uma cegonha, uma linda moça ofereceu um tecido muito puro e raro feito com penas de cegonha. O pescador descobriu que a moça era a cegonha e, tirando suas últimas penas para tecer, a moça-cegonha oferecera sua própria vida para agradecer aquele que um dia a salvara.

    Com a intenção de simbolizar o verdadeiro espírito de gratidão, o pescador passou a fazer a cegonha (tsuru) em origami, desejando que as pessoas compreendessem e praticassem em suas vidas.

Figura 88 - Foto do Processo de criação dos 1000 Tsurus.

Figura 89 - Tsurus.

Figura 90 – Ofício enviado à Subprefeitura de Santana/Tucuruvi

Fonte: foto da autora.

    No primeiro dia (01/04/2016), sexta-feira à tarde, chego contando com cerca de 50 tsurus prontos e muitos para a montagem (a quantidade inicial foi rapidamente absorvida no contexto da praça e “sumiu”, ficando visivelmente imperceptível. (fig. 92) Esse experimento evidenciou a real necessidade de elaborar os 1000 tsurus.

Fonte: foto da autora.

Figura 91 - Folder da Exposição e Oficina de TSURU: “Pequenos Prazeres” na Praça Nsa. Sra. dos Prazeres no bairro de Parada Inglesa (SP) dias 01 e 02 de abril de 2015.

Fonte: folder de Daniel Scarpin para a autora.

    A proposta de produção e instalação de 1000 tsurus na Praça Nossa Senhora dos Prazeres, buscou um olhar diferenciado do expectador, enfatiza a ocupação da praça por meio de pássaros de papel. A intervenção ocorrida dias 01 e 02 de abril (2016) foi protocolada à Subprefeitura de Santana Tucuruvi (fig. 90).

    Para a confecção das 1000 peças, foi fundamental a sensibilização da comunidade local e da presença dos alunos e ex-alunos (da Escola Técnica Mandaqui e curso de Design da Universidade Paulista - UNIP) para participar e multiplicar, por meio do conhecimento adquirido ali mesmo o workshop, produção e instalação de tsurus na Praça com os moradores do bairro.

  Foi elaborado um convite/folder para a execução do workshop/instalação na data do meu próprio aniversário, com a mesma ideia do “Aniverssage”. (fig. 91)

Figura 92 - Foto da Exposição e Oficina de TSURU: “Pequenos Prazeres” na Praça Nsa. Sra. dos Prazeres no bairro de Parada Inglesa (SP) dia 01/04/2015.

Fonte: foto da autora.

    A partir das 22:00, desmontamos cerca de já contados 200 tsurus e levamos todos para um bar situado de frente à praça (a revoada se pousou na decoração do bar que é bem valorizada de paisagismo). O gerente aceitou sem muitas ressalvas pois além dos tsurus, um bando de gente entrava comigo sedentos e famintos para a comemoração do “Anivessage”.

    Dando uma volta na praça, lá pelas 1 da manhã, perguntei à um grupo o que achavam dos pássaros pendurados. A conclusão é que não se importavam mas acharam “bonitinhos” e não entenderam o motivo mas era “legal”. Os alunos também não entendiam a finalidade. O problema é que a finalidade e a função não estão nesse caso, associados à estética e à poética que propõe ser absorvida visualmente e não compreendida intelectualmente (fig. 93).

Figura 93 - Foto da Exposição e Oficina de TSURU: “Pequenos Prazeres” na Praça Nsa. Sra. dos Prazeres no bairro de Parada Inglesa (SP) dia 01/04/2015.

Fonte: foto da autora.

   No segundo dia (02/04/2016), visivelmente cansada da noitada anterior, me apresento ao meio dia e não encontro vestígios de tsurus nas árvores (exceto os amassados no lixo ou no chão).(fig.94)

    Meu primeiro pensamento vem no grupo pelo qual questionei se gostaram dos passarinhos pendurados. No mesmo instante, dois rapazes falavam bem alto indignados, pois estavam na noite anterior até as seis da manhã e toda a decoração estava presente. Concluo que a turma boemia gostou mas continua o mistério e a sensação de não ter sido bem sucedida...Será que o grupo dos velhinhos, das babás e dos cachorrinhos não gostaram?

     A resposta vem do sr. Marcos, que chegou na praça por volta das cinco da manhã e afirma ter visto os passarinhos instalados e responde que muitas pessoas olhavam intrigadas, tiravam os passarinhos das árvores e levaram embora. Inclusive os amassados, segundo Sr. Marcos, foram pessoas que tentavam “desmanchar” e fazer a dobradura novamente.

    Chego a conclusão de que fomos bem sucedidos e os relatos deram novo ânimo e uma vontade de concluir os famigerados 1000 tsurus. Então...voltamos ao trabalho!

Figura 94 - Foto da Exposição e Oficina de TSURU: “Pequenos Prazeres” na Praça Nsa. Sra. dos Prazeres no bairro de Parada Inglesa (SP) dia 02/04/2015.

Fonte: foto da autora.

     Meu primeiro pensamento vem no grupo pelo qual questionei se gostaram dos passarinhos pendurados. No mesmo instante, dois rapazes falavam bem alto indignados, pois estavam na noite anterior até as seis da manhã e toda a decoração estava presente. Concluo que a turma boemia gostou mas continua o mistério e a sensação de não ter sido bem sucedida...Será que o grupo dos velhinhos, das babás e dos cachorrinhos não gostaram?

     A resposta vem do sr. Marcos, que chegou na praça por volta das cinco da manhã e afirma ter visto os passarinhos instalados e responde que muitas pessoas olhavam intrigadas, tiravam os passarinhos das árvores e levaram embora. Inclusive os amassados, segundo Sr. Marcos, foram pessoas que tentavam “desmanchar” e fazer a dobradura novamente.

     Chego a conclusão de que fomos bem sucedidos e os relatos deram novo ânimo e uma vontade de concluir os famigerados 1000 tsurus. Então...voltamos ao trabalho!

Uma nova leva de alunos e de tsurus surgem na praça para mais um dia de instalações. Conto com a presença do sr. Marcos com uma grande escada e suas estratégias de instalação anti-vandalismo. Conto também com as crianças-policiais que fazem ronda e cuidam para que mais tsurus não sejam “roubados”.

     Sensibilização é o mais importante: seja na intenção de preservar as peças produzidas, principalmente pelo envolvimento com o projeto, ou a intenção de levar uma peça como recordação de um dia cheio de tsurus na praça.

     A praça começa a ficar tomada de pássaros. Observo os olhares, observo os sorrisos. Ações gratuitas, espontâneas e de intencionalidade estética são difíceis de serem assimiladas: pessoas perguntam se haverá um casamento ou uma filmagem por ali.

Observo os tsurus sendo levados. Muitos levados pelo prazer de se “ter” a tal dobradura, de levar uma lembrança da praça. A revoada se desfaz em poucas horas. No decorrer do mês de abril não temos mais exemplares. A revoada tomou novos espaços.

     A ação durou dois dias e a ocupação permaneceu na praça por cerca de uma semana (muitos foram levados pelos transeuntes durante todo o processo). O workshop e a instalação foram bem recebidos pela população. Tal ação alcançou o objetivo e efetivou o projeto. Nessa experimentação, o espaço ficou mais interessante que o projeto desenvolvido no folder/convite.

     Tal ocupação da praça só foi possível com o compartilhamento do conhecimento: de modo direto a execução das dobras e a instalação dos tsurus nas árvores, de modo coletivo e colaborativo (fig. 95 e 96), de modo indireto buscou trabalhar a sensação de gratidão.

     A intervenção possibilitou desdobramentos visuais mais amplos e com resultados que evidenciaram a amplitude à praça, promovendo uma mudança no ponto de vista diagonal térrea dos transeuntes (“cabisbaixo”) para a verticalidade visual dos Tsurus pendurados nas árvores visando à condução de um olhar contemplativo ao ambiente urbano.

     Os Tsurus na praça foi elaborada de modo randômico, dinâmico em diversas escalas e tamanhos. Fazendo um mapeamento (fig. 97), pode-se observar que a maior parte dos pássaros foram instaladas na área mais adensada da praça (laranja e amarela) tal ação se configura pela própria ocupação, ou seja, o ambiente mais transitado ficou mais preenchido com tsurus (fig. 98).

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